Eu sou uma menina da internet, não dá para dizer o contrário. Passo boa parte do dia conectada e ainda lembro do meu primeiro computador, com Windows 95 e internet discada. O barulhinho irritante da linha ocupada, às vezes mais de uma hora tentando me conectar ao mundo mágico que podia ser acessado em um clique. A velocidade aumentou, o tempo para conectar diminuiu, mas as distâncias continuam do mesmo tamanho.
Boa parte da minha vida acontece virtualmente. Quando eu digo isso, não me entenda mal: quando desligo o computador, a vida vai bem, obrigada. Mas hoje em dia, não consigo separar os dois planos – não existe essa coisa de vida online e offline. Talvez exatamente por poder acessar tudo pelo meu aparelho celular, com um sinal 3G funcionando em (quase) todo lugar. A verdade é que quem não é “da internet” não entende muito bem, acha que o que fica atrás da tela do computador desaparece quando o botão de desligar é pressionado.
Mas a verdade é que a rede me deu a melhor coisa que poderia pedir: pessoas. Algumas delas, é verdade, não permaneceram tanto tempo quanto eu gostaria. Outras continuam aqui, mas não com a mesma frequência ou intensidade de quatro ou cinco anos atrás. Mas ainda há aqueles que, mesmo com os anos ou com os quilômetros que nos separam, mesmo sem ter ouvido a voz ao vivo ou abraçado, estão mais presentes na minha vida do que aqueles de carne e osso que vejo diariamente.
A internet não separou pessoas. Muito pelo contrário. Ela me aproximou de gente incrível que a distância nunca me permitiria conhecer. Pessoas que, mesmo que pensem diferente de mim, me completam de alguma maneira. A quem não tenho o menor medo de chamar de amigo, por quem eu viajaria horas só para dar um abraço e que eu gostaria de ter todos os dias ao meu lado.
Viraram amigos que moram longe. Amigos que eu gostaria de estar próxima em momentos tristes e felizes, mas tenho que me contentar em ver raramente. Amigos que tornam minha vida mais feliz com uma mensagem, com uma chamada de voz no skype ou com uma foto pela manhã no whatsapp. Gente com quem eu canto, choro, conto segredos e até almoço junto. Gente que eu queria trazer pra perto fisicamente, pois já está pertinho do meu coração. Pessoas que talvez saiam da minha vida daqui a alguns anos, pessoas que certamente vão continuar muitos outros. Amigos de carne, osso e sentimentos.
Talvez você não acredite em amizade virtual, mas eu tenho os melhores exemplos. Quando se há afinidade, não há tela de computador que separe. A internet é cruel: te apresenta pessoas maravilhosas, apenas para depois descobrir que elas estão muito longe de você.
Dá saudade. Às vezes saudade de quem você nunca chegou a ver. A vida é engraçada, a internet deixa tudo ainda mais curioso. Está tudo mudando, meio difícil acompanhar. Como você pode sentir saudade de quem nunca chegou a conhecer? Mas você conhece – e gostaria que estivesse em sua festa de aniversário, ao seu lado naquela viagem ou numa tarde de pipoca e filmes de comédia romântica.
A parte boa é que o destino me fez conhecer todos eles, oportunidade que certamente não teria de outra maneira. A parte ruim é que muitos momentos, que poderiam ser os melhores, se perdem no caminho. Com isso, eu passei a dar valor a um abraço, a um ombro amigo, a uma risada e a todas as tardes no cinema – com os amigos que estão aqui, aqueles que posso aproveitar todos os dias.
O que muita gente esquece é que do outro lado da tela existe uma pessoa. Não é uma máquina que te responde. É por isso que uma amizade que nasce na internet é tão possível. Ela segue uma ordem própria, mas o sentimento é o mesmo.
Quando todos os meus amigos da “vida real” me viraram as costas, os “da internet”, aqueles supostamente perigosos e de mentirinha, seguraram minha mão. Não houve abraço físico nem mãos de verdade, mas eles estavam ao meu lado, mesmo com um oceano separando. Havia um clique que nos deixava – e ainda deixa – cada dia mais perto. E eu sou grata todos os dias por eles – e pela minha conexão!
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Eu fiz alguns amigos (amigos mesmo) pela internet. As pessoas que mais me incentivaram a lançar um livro, por exemplo, foram amigas que fiz em uma comunidade do Orkut. Algumas das minhas melhores amigas eu conheci online.
Sou super falante e faço “amizade” até na fila da padaria. A internet nunca me impediu de interagir na vida real, mas me abriu um novo canal para conhecer mais pessoas. Me chateia muito ouvir que amigos de internet não são amigos de verdade. E como faz então com todo esse sentimento que tem aqui dentro, quando a vontade de romper a distância e estar ao lado de um amigo lá longe vem? Eu não acredito que isso seja falso. Eu faria (e faço) por meus amigos virtuais o mesmo que faço pelos da “realidade”. Na verdade, odeio esse termos, pois tudo para mim é amizade, ponto.
E essa semana várias coisas aconteceram com vários dos meus amigos que conheci pela internet. Na verdade, essa foi uma semana louca (desculpem pela falta de post, mas juro que é por um bom motivo que todo mundo saberá em breve), e ter meus amigos ao meu lado – todos eles – foi muito importante. Então, em outro estado, outro país ou aqui do meu lado: amigo é amigo. E espero o dia que todas as pessoas entendam que não existe esse tipo de distinção.
E você, o que acha de amizades virtuais?